O que a Arqueologia nos Revela Sobre o Passado Pré-Histórico da Amazônia?
A arqueologia é o estudo daquilo que foi fabricado ou modificado pelo Homem, ela abarca desde modificações na paisagem, pinturas e até objetos fabricados para uso cotidiano, não menos importantes são os restos de alimentos e corpos sepultados ao longo do tempo.
No passado existiu uma falsa ideia de que a região amazônica fora uma região pouco densa, e que o grau de complexidade das suas populações remetiam apenas à comunidades de caça e coleta com fabricação de cerâmicas rusticas, sem casa e agricultura fixas. A medida que o tempo foi passando e que os estudos atuais foram avançando, vemos que além das comunidades menos complexas surge uma outra realidade.
Diferente da ideia inicial, cada vez mais são evidenciadas através de provas empíricas, construções, urnas funerárias, cerâmicas complexas, representações gráficas e fortificações que exigem uma demanda de mão-de-obra especializada e uma organização bem mais complexa do que se pensava antes. Isso nos mostra que não podemos generalizar e pensar na Amazônia como uma região que vivia uma especie de infância civilizacional na época da chegada dos europeus. Temos que pensar em uma região densamente ocupada, cheia de particularidades, com muita diversidade de povos e linguás.
Pré-História Amazônica
Quando escrevemos algo a respeito de uma região tao complexa e com tanta riqueza de informações, é possível que haja uma certa dissonância entre alguns grupos de pesquisadores a respeito dos fatos, datas e etc. Usarei aqui uma fonte que considero válida(citada ao final do artigo), mas temos que ter em mente que a cada descoberta se reescreve uma parte da narrativa, portanto este artigo pode ser visto como um ponto de partida.Os dados arqueológicos mostram que durante o Holoceno inferior a mais ou menos 11.000 anos, temos vestígios de atividades humanas na maior parte da região Amazônica, entretanto temos dados que remontam à 14.000 anos para alguns sítios arqueológicos no Pará e em Mato Grosso. Nesta época o clima era parecido com o que é hoje, mas posteriormente passou por mudanças climáticas entre o ano de 6.000 a 1.000 a.C durante o final do Holoceno médio que diminuíram a area de florestal e o nível dos rios e isso reflete-se na diminuição da incidência de sítios arqueológicos deste período.
A partir aproximadamente do ano 1.000 a.C., os dados apontam para o surgimento de grandes assentamentos sedentarizados, dada a incidência de um tipo de terra especial(terra preta de índio), usada para a agricultura. Isto sustenta a ideia de comunidades mais complexas e organizadas, mas a Amazônia não é uma região pequena, não ha condições de generalizar estes dados, pois a diversidade de povos e etnias é enorme, ou seja, estes dados trazem pedaços de um grande quebra cabeças de datas e de diferentes povos com diferentes origens étnicas, as culturas Amazônicas vem sendo definidas e estudadas a partir de vestígios dos mais variados, dentre eles se destacam as tradições cerâmicas que vem sendo estudadas e nos dizem muito mais sobre este passado.
A cerâmica tem uma importância impar no estudo do passado amazônico, ela não esta vinculada necessariamente ao surgimento de comunidades agricultoras e sedentárias, na verdade as cerâmicas parecem seguir uma própria agenda pois existem artefatos arqueológicos cerâmicos datados de 3500 a.C. o que indicaria ate comercio e mobilidade territorial, possíveis grandes migrações e etc.
Existe uma grande dificuldade dentro da região dadas as condições intocadas e a vastidão da floresta, mas com o tempo florescem dados e informações muito relevantes que apontam para uma zona rica em população e com existência de rotas comerciais o que indicam uma inter-relação entre os nativos ligando toda a america do sul até mesmo os impérios andinos.
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MAPA DE PEABIRU - Antigos caminhos utilizados pelos indígenas sul-americanos |
Referencias:
Neves, Eduardo Góes. Arqueologia da Amazônia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006