Neste texto venho explicar de forma breve os motivos que fez virar o mundo de “cabeça para baixo”, partindo daí traço um exame sucinto do conceito, Anacronismo, citando o Historiador Hilário Franco.
Logo, o anticronismo (anacronismo) consiste basicamente em utilizar os conceitos e ideias de uma época para analisar os fatos de outro tempo. Em outras palavras, o anacronismo é uma forma equivocada onde tentamos avaliar um determinado tempo histórico à luz de valores que não pertencem a esse mesmo tempo histórico. Por mais que isso pareça um erro banal ou facilmente perceptível, devemos estar atentos sobre como o anacronismo interfere no nosso estudo da História.
Um dos exemplos desse tipo de prática é percebido no século XVIII, no auge do pensamento iluminista. Elegendo a razão como a melhor das ferramentas do intelecto humano, os iluministas consideravam a religiosidade como um grande entrave ao conhecimento e o saber. Dessa maneira, interpretava-se a Idade Média como a “idade das trevas”, onde a crença e a religiosidade obscureciam a visão do homem. Logo, ao desmerecerem o passado medieval, os iluministas ignoravam toda a contribuição dos filósofos medievais e o fato de que as primeiras universidades da Europa surgem nessa mesma ”idade das trevas”. Nessa perspectiva, podemos considerar também que o iluminismo, na ânsia de seu racionalismo, deixava de olhar de forma mais compreensiva para as características próprias da Idade Medieval.
Assim, analisando Hilário Franco no ponto de vista do século XXI, o livro “A Idade Média o nascimento do Ocidente” no capitulo, “A Idade Média para os medievais”, o período citado é uma analise de si mesmo do conceito, “idade média”, logo este termo é incompleto e precisa ser diversificado no tempo / espaço.
Tempo - nos séculos IV-XVI.
Espaço – Europa.
Considerando estas duas vertentes: o clero em interpretações teológicas e os leigos em concepções pré-cristãs. Entrando na bipolarização da História em visões diferentes do tempo:
· Os pagãos eram apegados na psicologia coletiva, aceitava a existência de um tempo cíclico, “mito do eterno retorno” – as primeiras sociedades só entendiam o tempo biológico, sem transforma-lo em História, por que para eles viver no real era estar, segundo modelos extra-humanos como exemplo temos o tempo sagrado (rituais), o profano (do cotidiano) que só existia para reproduzir atos ocorridos na origem dos tempos, sendo daí a festa do ano novo, uma retomado do tempo em repetição da cosmogomia(doutrinas, princípios que explica a origem, o inicio do universo), com ritos de expulsão de demônios e doenças -.
· O judaísmo, surgi com uma divindade criadora de gestos exemplares (arquétipos) e o cristianismo desenvolve esta ideia evidenciando a Historia, em caráter linear, como ponto de partida (gênese), de inflexão (natividade) e de chegada (juízo final).
Assim, os medievos no geral continham um sentimento de viverem em tempos modernos, devido à consciência que tinham passado dos tempos antigos, pré-cristãos, então os terrores do ano 1000, foi uma criação historiográfica.
-O que não significa que a imagem negativa da idade média tenha desaparecido-.
Portanto, Hilário Franco mostra que o período medieval, é interpretado em uma visão cristã, ou seja, dela própria e não de pessoas que viveram ou vivem em outro momento. Pois, este intervalo temporal, foi dividido em:
· Primeira idade Média (séc. IV-VIII).
· Alta idade Média (séc. VIII - fins do séc. X).
· Idade Média central (séc. XI-XIII).
· Baixa idade Média (séc. XIV – meados do séc. XVI).
Desta maneira, após apresentar um breve resumo sobre o conceito da Idade Média, vamos atentar ao período que corresponde o século XIV – XVI, Baixa Idade Media, crise do Feudalismo e o Renascimento cultural que se resume em, “Deus fez os cléricos, os cavaleiros e os trabalhadores, mas o demônio fez os burgueses e os usurários”..
A Baixa idade Média é um período, na visão eurocêntrica que corresponde o final do Feudalismo - um conceito histórico construído com o intuito de servir de ferramenta teórica para o estudo de determinado período na formação do Ocidente. Ou seja, refere-se especificamente ao sistema político, econômico e social da Europa medieval - (Dicionário de Conceitos históricos, pg. 150).
Mas esse conceito pode se tornar também uma categoria de análise ao ser aplicado a realidades tão diversas como o Japão medieval e o Islã.
Mas a parti da crise desse sistema, o mundo ocidental começa a presenciar um movimento de rejuvenescimento cultural a partir das formas de expressão da Antiguidade clássica, o Renascimento, foi uma época de transição para a idade Moderna. O Historiador Jean Dellumeau, afirma que esta mudança ensinou o homem “a atravessar os oceanos, a fabricar ferro fundido, a servir-se das armas de fogo, há contar as horas com um motor, a imprimir, a utilizar dia a dia a letra de cambio e o seguro marítimo” (A civilização do Renascimento), e incentivando a descobertas de terras e costumes no contato com outros povos avançaram nas ciências e no modo de entender a ordem do mundo, com pintores, escultores e escritores que representaram o cotidiano e os costumes.
E como paradigma desta época está Dante Alighieri autor do poema “A Divina Comedia”, escrito em 1304-1321, dividido em três partes: Inferno, Purgatório e Paraíso. No seu primeiro canto, Inferno Alighieri expressa na estrofe 84, o retorno da ciência do homem, ou seja, o homem no centro do universo (Antropocentrismo) “Ó dos poetas lustre, honra, eminência! Valham-me o longo estudo, o amor profundo com que em teu livro procurei a ciência!”
Outro autor que interpreta esta transição com um olhar na idade Moderna, foi Luiz de Camões com os “Lusíadas”, publicada em 1572, pois o seu canto primeiro exemplifica uma passagem histórica para Modernidade, As Grandes Navegações, “As armas e os barões assinalados, Que da ocidental praia Lusitana, Por mares nunca de antes mareados, Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados, Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota identificaram novo reino, que tanto sublimam”.
Mas qual o impacto prático do Renascimento para nós, “meros mortais”?
O advento da imprensa em 1450, por Gutenberg que proporcionou um poderoso fator de transformação social, ao dar um impulso em expandir a circulação das ideias, incentivando o desenvolvimento da cultura letrada em mundo de analfabetos.
- Como isso-? As informações eram repassadas pelos que liam de forma oral, assim alargando a visão do mundo em reordenar os papeis a serem desempenhados pelos homens na sociedade.
Outra consequência foi à aplicação dos símbolos matemáticos + e -, em vez de escritos por extenso, o uso de frações decimais, a invenção da maquina de calcular por Blaise Pascal, em 1642, a padronização de pesos, medidas e valores monetários.
Portanto, o Renascimento como um período de transição para a Idade Moderna extrapolou todos os limites fazendo o pensamento Humano se libertar em um novo mundo, assim deixo a máxima de René Descartes “Penso, logo existo”.
Bibliografia:
Dicionário dos Conceitos Históricos. / Revista História ano 9, n° 98, 2013 / O Feudalismo-Hilario Franco. / A Idade Média o Nascimento do Ocidente. / A Civilização do Renascimento.
Contatos: jocimarvieira@gmail.com / prof._jocimarvieira (Instagram)
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