As irmandades de negros como nacionalidade e resistência.
Este texto tem o
intuito de mostrar as irmandades negras no Brasil ao longo da história como forma
de organizar e diversifica os escravizados de varias nações africanas na América
portuguesa.
Em seu primeiro
momento, na segunda metade do séc. XVI, sua criação veio como forma de
domesticar os africanos escravizados “uma das
principais atividades das irmandades era formação da vida lúdica ou estabelecer
estado de folia de seus membros e da comunidade negra em geral” (João José Reis).
Entretanto como
forma de solidariedade e de certa forma, resistência, as confrarias negras
funcionavam como sociedade de ajuda mutua, seus associados contribuíam com algum
pertence valioso (joias) como entrada e taxas anuais recebendo em troca
assistências quando: doentes, presos, famintos ou falecidos, desta forma,
proporcionando aos associados funerais solenes, sepultamento dentro de capelas
e missas. Neste trecho José Reis exemplifica bem este dinamismo “a irmandade representava um espaço de relativa autonomia
negra, no qual seus membros em torno das festas, assembleias, eleições,
funerais, missas e da assistência recíproca construíam identidades sociais
significativas, no interior de um mundo às vezes sufocante e sempre incerto.”. Isso nos mostra o critério de identidade,
em organização a cor da pele em combinação com nacionalidade.
Havendo assim, irmandades de brancos, mulatos
e negros (crioulos e africanos).
E a ainda as
confrarias de africanos que se dividia de acordo com as nações de origem:
Angola, Jejes, Nagos etc.
Esta distinção étnico-nacional
constituía a lógica de estruturação social das irmandades no Brasil.
Fazendo os africanos escravizados se ajustarem
ao meio, criando microestruturas de poder com estratégias de alianças e regras de
sociabilidades, abrindo canais de negociações e ativando formas de resistência
como Grada Kilomba deixa claro nesta sentença “a
margem não deve ser vista apenas como espaço periférico, um espaço de perda de
privação, mas sim um espaço de resistência, espaço de abertura radical (...)".
Assim, desempenhando um importante protagonismo na formação de uma “consciência
negra”, mostrando a possibilidade de convivência na diferença sem o prejuízo na
capacidade de resistir.
Logo, as
irmandades espalhavam tensões e alianças sociais, contrariando a homogeneidade
de sua proposta inicial, “domesticar”
Portanto, as
confrarias manteve a dignidade em afirmar a humanidade dos africanos
escravizados, diante de um regime que os definia como “coisa".
Bibliografias:
Reis José João.
(Identidade e Diversidade Étnicas nas
Irmandades Negras no Tempo da escravidão. Pg. 4-18).
Kilomba granada.
(Memórias da Plantação episódios de
racismo cotidiano. Pg. 47)