Sociedades Complexas da Pré-História - Binford, Childe, Trigger

Uma Análise das Sociedades Complexas Pré-Históricas



Sociedades complexas da Pré-História

Como mencionado por Binford (1983,p.267) “ As sociedades complexas e as civilizações surgiram em épocas diferentes e em sítios diferentes do mundo, quase sempre a seguir ao desenvolvimento da agricultura.” Com isso pode-se observar que Binford utiliza a Antropologia junto com a arqueologia para além de utilizar os achados e vestígios naturais, ou confeccionados pelos povos antigos ele vai além, para também compreender uma sociedade complexa ou civilização antiga a partir do cultural deixado nos sítios arqueológicos.

Mostra também que a utilização da Antropologia para estudar as sociedades complexas e assim realizar uma construção de pesquisa dentro da arqueologia em conjunto a antropologia não é apenas material, mas social dos povos e para isto mostra suas diferentes temporalidades e época de cada civilização que correspondem a esses sítios. Assim fazendo um levantamento das técnicas e tecnológicas, agrícolas, pecuárias e construções feitas pelas essas sociedades complexas, tendo densas pesquisas arqueológicas e antropológicas sido utilizadas por Binford, para construir uma teoria sobre esses povos, desenvolvendo uma Arqueologia científica e mais positiva possível para chegar ao passado, para desenvolver o conhecimento de como uma materialidade se comportada sistemicamente de cultura em cultura. Não se distanciando tanto dos outros arqueólogos e pesquisadores históricos-culturalistas. Sendo assim as pesquisas de arqueologia histórica é uma forma de mostrar a história dos povos utilizando-se de um estudo de materiais e da ajuda da antropologia para as sociedades antigas.

  • “Houve mesmo historiadores e arqueólogos que chegaram a defender, não há muito tempo, que essas grandes conquistas só se aviam tornado possíveis a partir do momento em que houve homens livres dispondo de tempos e de lazer em que podia se dedicar a actividades “pensadoras”; o que também é profundamente errôneo, uma vez que, ao contrário do que este raciocínio pressupõe, as pessoas têm, de um modo geral, mais tempo livres nas sociedades de caçadores-recolectores do que nas sociedades complexas.” ( BINFORD, L. R. Em busca do Passado. Europa-América, 1983 , Capítulo 9. p. 267)

Com a constituição de sociedades complexas, utiliza-se uma Arqueologia darwiniana utilizada por Binford na nova Arqueologia, onde ocorre no processualismo e observa-se uma identidade programática entre ambos, porém trata-se na verdade de, questões que são abordadas de forma diferenciada do que é dentro da Antropologia e Biologia evolucionista, pois é algo mais específico dentro da História e para a pesquisa dentro da evolução, assim pode-se compreender essa evolução como um progresso humano dentro da construção de uma sociedade complexa, onde constitui em arquiteturas, cerâmicas e uma organização social dentro de um complexo de conjunto de famílias e hierarquias, para assim ter uma divisão social. Para Binford (1983,p.269) “ Os grupos que viviam juntos a essas “janelas de acesso” dispunham, portanto de um efetivo monopólio de recursos críticos, o qual podiam explorar em seu proveito para fins políticos regionais.

  • “levando-o a afirmar que a génese das chefaturas e dos estatutos sociais investidos de poder estava fundamentalmente relacionada com comportamentos altruístas, ou seja com a prática da redistribuição dos bens, directamente realizada ( ou pelo menos organizada) pelos indivíduos com posições de chefia, de forma a que todos os membros da população tivesse acesso igual aos diversos produtos fabricados nas diversas regiões vizinhas. Este modelo como é obvio, pressupunha a existência de população sedentária.” (BINFORD, L. R. Em busca do Passado. Europa-América, 1983, Capítulo 9. p. 271)

Mencionado por Tigger (2004) Interpretações desse tipo não foram tentadas pelos arqueólogos americanos antes da década de 1960. Esses seus estudos eram menos arqueológicos na medida em que neles a identificação do sexo dos ceramistas, dependia inteiramente de uma abordagem histórica direta (Binford 1962: 61). Então mostra-se como era a maneira de pesquisa feita principalmente por Binford em relação aos povos antigos. Já para Childe (1971,p.5) “o homem não realizava nenhuma modificação fundamental em sua atitude para com a Natureza exterior”, em suma ele usufruía dos benefícios da natureza para seu consumo e sobrevivência, e por isso foi se limitando somente na colheita e também na caça, mas foi se aperfeiçoando para um melhor manejo na colheita de alimentos. Assim uma construção de civilização através de um conjunto de interesses comuns que seriam voltados para a agricultura, então esse domínio da agricultura foi sendo estabelecido e cada vez mais aprimorado, com isso também desenvolveu as tecnologias e ferramentas usadas para esses cultivos de alimentos e desenvolvimento da civilização.

Outra forma de desenvolvimento da sociedade para Childe vinha também da construção de melhoramento da vida social antiga. “Nas regiões adjacentes – nos vales da Síria ou Irã por Exemplo – as condições eram bem menos exigentes. Mesmo ali, porém, tiveram de ser feitos melhoramentos permanentes na forma de canais de irrigação e drenagem, que assim aumentavam a atração local em questão. (CHILD,1971, p.114).

Podendo ver que o controle do homem no aquele tempo não era só a agricultura que foi mencionada acima, mas das irrigações e drenagem da água para aí colocar em prática essa agricultura controlada como um meio de sobrevivência.

  • “Como as civilizações históricas da bacia mediterrânica, Ásia menor e Índia Construíram-se sobre os cereais, vamos dedicar nossa atenção as economias baseadas no trigo e cevada. Suas histórias foram muito melhor estudadas do que as histórias de outras plantas cultivadas, e podem ser resumidas.” (CHILDE, V. G. A evolução cultural do Homem. Zahar Editores, 1971, p.78).

Então pode-se repara que para Childe a construção de uma sociedade de certa forma rodeia a utilização da agricultura como algo principal, e que depois as outras coisas são um tipo de consequência para a manutenção dessa atividade na sociedade. O ponto de início de pesquisa de Childe consiste em uma teoria marxista que utiliza-se uma dialética e técnicas arqueológicas para compreender as sociedades antigas e suas complexidades, mas aos poucos vai tendo uma modificação de pesquisas sempre com um fundo teórico marxista para sua construção arqueológica dentro dos sítios e para o desenvolvimento de pesquisas sobre o ser humano dentro da sua época no passado. O modelo marxista utilizado por Childe tem uma estrutura de passado, que oferece uma complexa análise estrutural cultural, assim desenvolvendo uma arqueologia processual.

  • “segundo, a economia é totalmente auto-suficiente comunidades simples, produtora de alimentos, não depende, para qualquer necessidade da vida, o de importações obtidas pela troca com outros grupos. Produz e coleta todo o alimento de que necessita. Vale-se das matérias-primas disponíveis em suas vizinhanças imediata, para o equipamento simples de que precisa. Seus membros constituintes, ou famílias, fabricam os implementos exigidos, os utensílios e armas. (CHILDE, V. G. A evolução cultural do Homem. Zahar Editores, 1971, p.92)

As diferenças de estrutura de pesquisas entre Binford e Childe consistem nas teorias abordadas por eles para desenvolver essa divergência arqueológica, onde as teorias de Binford consistem na Nova Arqueologia, que traz com ela a teoria darwinista para ter um desenvolvimento evolutivo da sociedade e suas construções culturais como já foi mencionado que ele se utiliza das ciências Antropológicas para construir esse conhecimento. Há um embasamento sobre as leis evolutivas que dá enfoque nos sistema que tem teorias e métodos próprios que possibilita um estudo mais rigoroso sobre a Arqueologia de uma forma mais científica para encontrar uma solução de problemas e hipóteses levantados por Binford para o desenvolvimento dos achados arqueológicos e os povos complexos encontrados nas escavações. Segundo Binford (1983b) mencionado por Trigger (2004), ele estava predisposto a crer que há fortes regularidades no comportamento humano e pouca diferença entre explicar um caso único de mudança social e uma classe inteira de mudanças similares, portanto seu maior empenho estava em dar conta das similaridades culturais e não das diferenças. Ao longo de sua carreira, ele dedicou-se a discutir problemas como a complexidade crescente de sociedades de caçadores-coletores, o desenvolvimento da agricultura, e, em bem menor grau, a evolução da civilização.

Trigger(2004) como Caldwell, Binford deu destaque a diferenciação interna e a integração sistêmica das culturas. Rejeitou o ponto de vista normativo bem consolidado que considerava as culturas como coleções de idéias compartilhadas e transmitidas de geração em geração pelos membros de grupos sociais particulares. Em alguns dos seus ensaios, as objeções de Binford à concepção de cultura como um fenômeno mental, parecem proscrever a tese de White sobre a natureza simbólica da cultura, embora, por outro lado, ele tece louvores às idéias deste antropólogo.

Child já utiliza-se de uma visão mais material e não tanto social antropológico como Binford utiliza para compreender as sociedades complexas. Ambos se utilizam a fonte material, mas Childe tem um tipo de “conversa” com o que foi encontrado e dentro dos sítios arqueológicos para ter uma compreensão sobre os vestígios de civilizações.

Trigger (2004) Nessa época, contudo, os estudos marxistas de dados arqueológicos se desenvolviam sob severas restrições conceituais. A evolução social era concebida em termos de um esquema unilinear de formações socioeconômicas, frouxamente derivado do livro de Engels:A origem da família, da propriedade privada e do Estado.

Segundo Childe (1947a) mencionado por Tigger (2004) Afinal, Marx negou que o comportamento humano seja, em grande medida, biologicamente determinado, ou que um grande número de generalizações venha a ser aplicável a todas as sociedades humanas.

  • “Em vez disso, ele acreditava que a maioria das regras que regem as sociedades se alteram com a transformação dos modos de produção. A evolução social produz, assim, novidades autênticas, não apenas meras permutações e combinações variadas de uma série fixa de regularidades.” (TRIGGER, Bruce. História do Pensamento Arqueológico. São Paulo: Odysseus, 2011)

Compreende-se que ambos tinham em comum a visão da utilização do material como algo principal de pesquisa e trabalho para desenvolver como pode-se ter sido no passado , mas Binford utilizava a construção cultural a partir dos objetos, mas Childe prezava somente o material em si para depois descrever como era para relatar como poderia ter sido a sociedade antiga.

Bibliografia:

  • BINFORD, L. R. Em busca do Passado. Europa-América, 1983 (Texto 5 - Capítulo 9. p. 267-290)
  • CHILDE, V. G. A evolução cultural do Homem. Zahar Editores, 1971. (Texto 5b - prelúdio a segunda revolução)
  • TRIGGER, Bruce. História do Pensamento Arqueológico. São Paulo: Odysseus, 2011. (Capítulos 5 e 8)

Annelize Denaui

como na história é um conjunto de feitos do Homem. e a história é filha do seu tempo, e com isso compreender os momentos de desenvolvimento humano, social e cultural através de documentos, objetos e estruturas monumentais.

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