Concentração de Renda

Esta proposta tem como objeto a concentração de renda.

Para desenvolver este assunto dois textos nos são caros para dar embasamento a discussão. O primeiro texto, ou melhor, o artigo “Oligarquia no Estilo Norte-Americano” de Paul Krugman trata da concentração de renda nos Estados Unidos da América. O segundo Texto, “O que é Sociologia” de Anthony Giddens, no terceiro capítulo “Um Mundo em Mudança” aborda os efeitos da globalização sobre a desigualdade.

Paul Krugman alerta: A concentração de renda e riquezas ameaça transformar-nos em uma democracia irreal. O seu artigo compõe um relatório de 2005 apresentado pelo Escritório de Orçamento em que revela um declínio na participação de toda a renda por parte dos americanos de baixa e média-renda. Em números, isto quer dizer que 80% dos lares mais pobres estão recebendo menos da metade da renda total. Toda a redistribuição de renda para cima, que sai dos 80% mais pobres, tem ido para 1% dos americanos mais ricos. O autor chama a atenção para a concentração de renda como sendo incompatível com a democracia real, pois a maioria das famílias não participam do crescimento econômico.

Partindo para uma análise mais geral sobre concentração de renda, Anthony Giddens exibe um Relatório de Desenvolvimento Humano de 1999, publicado pelas nações unidas, revelando que o rendimento médio do quinto da população mundial, que vive nos países mais ricos é 74 vezes maior que o rendimento médio do quinto que vive nos países mais pobres. Ainda mais, o relatório expõe que as 200 pessoas mais ricas do mundo duplicaram a sua fortuna entre 1994 e 1998. Os três bilionários mais ricos do mundo ultrapassaram a soma dos Produtos Internos Brutos (PIB) de todos os países menos desenvolvidos e dos 600 milhões de pessoas que neles vivem (UNDP, 1999). O autor envolve estes dados para mostrar o desenvolvimento assimétrico da globalização mostrando como o impacto da globalização é sentido de vasta maioria da riqueza mundial concentrada nos países industrializados e desenvolvidos, ao passo que os países subdesenvolvidos sofrem de pobreza generalizada, saúde e educação deficientes e pesadas dívidas externas.

Giddens, no mesmo capítulo, fala sobre “A campanha a favor de uma justiça global” e para tal, menciona o protesto realizado em 1999, em Seatle, onde mais de 50.000 pessoas de todo o mundo se reuniram durante as conversações da chamada Ronda do Milênio da Organização do Comércio Mundial (OMC). Sindicalistas, ambientalistas, defensores dos direitos humanos, ativistas antinuclear, agricultores e representantes de centenas de ONG’s locais e internacionais argumentaram que as regras de comércio ferem os direitos humanos, o ambiente, os direitos laborais e as economias locais, para garantir lucros cada vez maiores para empresas que já concentram parte relevante de toda a renda. Os opositores da OMC declararam esta organização como não-democrática por defender os interesses dos países mais ricos, como o Estados Unidos da América, e os outros países em desenvolvimento não exercerem nenhuma influência.

Os interesses comerciais estão por adquirir uma preponderância crescente sobre o bem-estar da humanidade. Não é apenas em países que estão se desenvolvendo, como vimos no artigo de Paul Krugman, mas também no mundo industrializado.
A análise dos dois fragmentos textuais revela dados sobre como a concentração de renda, nas mãos de uma ínfima parte da população, além de contradizer um sistema democrático, também alerta para constantes investidas contra direitos humanos e condições de igualdade. É notável uma tendência para que prevaleçam, cada vez mais, os interesses de grandes corporações. Com uma propensão como esta se conclui que a natureza da sociedade está ameaçada.


Referência Bibliográfica:

GIDDENS, Anthony. O que é Sociologia? In Sociologia. Tradução Sandra Regina Netz 4ed. Porto Alegre: Ed. Artmed, 2005? 69-74

Paul Krugman é professor de Economia e Assuntos Internacionais na Universidade de Princeton e um colaborador frequente do The New York Times. Krugman recebeu em 2008 o Prêmio Nobel de Economia. Ele é autor de inúmeros livros, incluindo The Conscience of a Liberal, e o mais recente, The Returno of Depression Economics.

1 Comentários

  1. Ocupe Wall Street e Ocupe Oakland são manifestações no mesmo sentido àquelas mencionadas nesta postagem. No mesmo caminho da Ocupe Wall Street, Ocupe Oakland está nas manchetes dos principais jornais do mundo.

    http://www.guardian.co.uk/world/2012/jan/29/occupy-oakland-police-tear-gas-protesters

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