O "Pata Preta" um herói que nasce no subúrbio carioca, através da Revolta da Vacina.

 
Retrato falado de um homem negro com barba, boné e camiseta preta
Retrato Falado de "Pata Preta"

 O "Pata Preta" um herói que nasce no subúrbio carioca, através da Revolta da Vacina.  

Em torno do revisionismo histórico social que o Brasil esta passando, este texto tem a intenção de demonstrar personagens, que desempenharam papeis importantes na sociedade carioca no ano de 1904, e dentre eles destacamos Horácio José da Silva, o “Pata Preta”.

Pois, o período supracitado foi marcado sob a conjuntura da pós-abolição, proclamação da República, teorias raciais e epidemias (Febre Amarela e Varíola), esta ultima torna-se o “Teatro das Sombras” com atores desempenhando papeis de protagonistas, a população que vivia a margem de uma cidade, que se tornava uma vitrine de civilizações europeias, não poderia ser o “marco zero” da disseminação de enfermidades (varíola), desta forma, o Estado com sua pseudocerteza acreditava que eram nas habitações de gente negra e pobre, nos cortiços do centro do Rio, que as epidemias surgiram e se disseminavam, ameaçando à saúde pública.

Assim, de forma truculenta as casas eram regularmente visitados pelos “mata-mosquitos” que, acompanhados por policiais, se encarregavam de desinfetar casas, limpar ruas, exigir reformas e demolições, além de identificar e remover doentes.

Somando-se a isso tem-se as informações preconceituosas difundidas por periódicos, em publicações exigindo que fossem tomadas providências contra os “antros de imundície e desordem”. 

Diante desse quadro, as instituições estatais tomaram medidas para erradicar às frequentes epidemias, promulgando leis, que tornava obrigatória a vacina contra varíola para todas as pessoas maiores de seis anos de idade. Fazendo o Estado de forma legal mas, não legitima  invadir os lares e expulsar moradores, pois as autoridades sanitaristas consideravam que a área dos cortiços era de grande risco de contágio de doenças e decorrência disto, as pessoas tomaram as ruas em uma grande mobilização,

E sob os holofotes revolucionários entra em cena o Pata Preta, uma figura “euclidiano”, estivador e capoeirista que se torna um dos lideres da Revolta da Vacina nas barricadas composta de duas mil pessoas nos bairros da Gamboa e Saúde. E com uma "expertise" carioca na primavera de 1904, o Pata Preta traça uma estratégia, "malandra", coloca um poste de luz deitado na rua, de forma que parecia um canhão, “dizia-se que os rebeldes contavam com bocas-de-fogo e dinamite para fazer pelos ares os atacantes” (Os Bestializados. Pag. 110). 

Logo, este plano fez os descamisados, os capoeiristas, os malandros, as mães, as crianças resistir por algum tempo. E um dia depois das comemorações de aniversário da "república", em 16 de Novembro de 1904, Horácio é capturado “(...) foi preso o mais temido chefe das barricadas, Horácio José da Silva, famoso desordeiro conhecido pelo nome de Prata Preta. Na luta final ainda matou um soldado do Exercito e feriu dois da policia. Preto alto de uns 30 anos, aterrorizava a policia lutando nos lugares mais perigosos das trincheiras (...)” (Jornal do Comércio, 1904).

Portanto, Horácio José da Silva, negro provavelmente nordestino, nascido em 1874, em uma estrutura escravocrata, agraciado com uma lei falaciosa, o Ventre Livre (1871), se torna um dos protagonistas na luta pela cidadania, em um dos episódios mais marcantes da história carioca e brasileira no engatinhar da coisa pública (República).

Assim, no cenário de negacionismo e preconceitos raciais que permeia a sociedade nos tempos atuais, a história dos “perdedores” vem mostrar que a margem não deve ser vista apenas como espaço periférico, um espaço de perda de privação, mas sim um espaço de resistência, espaço de abertura radical.

 

Bibliografia:

De Albuquerque R. Wlamyra (Uma história do negro no Brasil. Pag. 210-220):

De Carvalho Murilo José (Os Bestializados. Pag. 110):

Revista Ókòtó.

 

 

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