Repensando a Revolucao Francesa: uma visao equilibrada atraves da perspectiva de Norman Mayer, Simon Schama e Alexis de Tocqueville

Repensando a Revolução Francesa: uma visão equilibrada através da perspectiva de Norman Mayer, Simon Schama e Alexis de Tocqueville" busca fornecer uma análise equilibrada da Revolução Francesa a partir das perspectivas de três renomados autores: Norman Mayer, Simon Schama e Alexis de Tocqueville. Através da revisão de seus textos, o artigo procura apresentar uma compreensão mais completa e contextualizada dos eventos que levaram à Revolução, suas consequências e impactos duradouros na história mundial


A Liberdade Guiando o Povo" de Eugène Delacroix, representando a Revolução Francesa
A Liberdade guiando o povo (frLa Liberté guidant le peuple) - Eugène Delacroix

Os elementos pré-modernos na Europa

A visão limitada dos historiadores

Segundo o historiador Norman Mayer, os elementos pré-modernos não eram os remanescentes frágeis e decadentes de um passado quase desaparecido, mas a própria essência das sociedades civis e políticas situadas na Europa. Ele diz ainda que os historiadores não deram muita ênfase a forças da resistência e sua capacidades de assimilar, retardar, neutralizar e subjugar a industrialização capitalista. O resultado de tal descuido por parte dos historiadores do século XIX e início do XX representa uma visão limitada e deveria dar lugar a uma visão mais equilibrada, levando em consideração a transformação progressiva e a resistência histórica de uma sociedade de costumes antigos conflitante com um progresso acelerado pela ciência e pelos incentivos gerados pelo capitalismo. Essa visão mais justa do passado sugere uma relação dialética entre duas tendências contrárias.

Norman Mayer argumenta que os elementos pré-modernos não devem ser vistos como resquícios frágeis e decadentes de um passado quase desaparecido, mas sim como a própria essência das sociedades civis e políticas europeias. Ele ressalta que os historiadores muitas vezes negligenciaram as forças da resistência e sua capacidade de assimilar, retardar, neutralizar e subjugar a industrialização capitalista. Esse descuido resultou em uma visão limitada do passado que não leva em consideração a transformação progressiva e a resistência histórica de uma sociedade de costumes antigos em conflito com um progresso acelerado pela ciência e pelos incentivos gerados pelo capitalismo. Portanto, uma visão mais justa do passado deve reconhecer a relação dialética entre as duas tendências contrárias e equilibrar a análise dos elementos pré-modernos e a força do capitalismo industrial em sua evolução histórica.

A opinião de Schama e Tocqueville

Próximo ao que menciona Schama em sua análise do antigo regime, a revolução deveria aniquilá-lo para depois atuar como grande acelerador na via expressa que conduziria ao século XIX. No mesmo parágrafo, ele conclui que “a revolução foi a suma condição da modernidade”. A esse respeito, a opinião tocquevilliana deixa a entender com uma análise do antigo sistema que a prosperidade do povo americano e a evolução industrial de tal se deu pela ausência de uma monarquia absolutista e que a propriedade particular tinha maiores garantias. "Ali a monarquia continuava tão desconhecida quanto o despotismo". Com a intenção de afirmar que a democracia na América estava adiantada, pois essas tais forças remanescentes do antigo regime não surtiam o mesmo efeito do que na França ou em outros países da Europa. Ou seja, não havia a resistência que tanto o Mayer quanto o Schama afirmam existir e reivindicam uma visão mais ampla para esse momento.

Tocqueville, em sua obra "A Democracia na América", destaca a importância das instituições e da tradição no desenvolvimento político e social de uma nação. Ele argumenta que a ausência de um governo absolutista na América e a presença de instituições democráticas foram fatores fundamentais para a prosperidade do povo americano. Tocqueville afirma que a propriedade privada era uma das bases da liberdade individual, e que essa liberdade era protegida pela lei e pelas instituições americanas. Ele acredita que a tradição e os valores americanos eram essenciais para a construção de uma sociedade democrática, e que a falta de tais valores poderia levar ao despotismo e à tirania. Assim, a análise tocquevilliana destaca a importância das instituições e dos valores na construção de uma sociedade livre e próspera, ressaltando a importância de uma visão mais ampla do antigo regime na compreensão da modernidade.

Schama, por sua vez, defende que a revolução francesa foi a grande impulsionadora da modernidade, uma vez que ela rompeu com o antigo regime e abriu caminho para a ascensão da burguesia e do capitalismo. Para ele, a revolução foi um momento crucial de transição da Europa pré-moderna para a modernidade. Schama argumenta que a revolução foi responsável por mudanças significativas na política, economia e cultura, e que ela foi fundamental para a criação de uma sociedade mais igualitária e justa. No entanto, ele também destaca as dificuldades enfrentadas pela revolução, como a resistência das forças remanescentes do antigo regime e a violência que marcou a luta pela mudança. Portanto, ambas as visões ressaltam a importância de uma análise mais abrangente e equilibrada do antigo regime na compreensão da modernidade e da sociedade contemporânea.

O feudalismo na antiga ordem europeia

Assim, o feudalismo dotou nitidamente a antiga ordem europeia com muito mais que um mero revestimento de tradições, costumes e mentalidades de classe superior. Ele penetrou nos anciens regimes através da nobiliarquia. Esses nobres pós-feudais adaptaram seus laços de dependência, hereditariedade e privilégios, reforçando o poder econômico e político da nobreza em detrimento da classe camponesa e do comércio. Desse modo, o feudalismo e sua estrutura social desempenharam um papel importante na evolução histórica da Europa.

O feudalismo, como parte integrante da antiga ordem europeia, exerceu grande influência sobre a sociedade e a política do continente. A estrutura feudal, que se baseava em relações pessoais e em uma economia agrária, estabeleceu um sistema hierárquico que dominou a Europa durante séculos. Autores como Mayer, Schama e Tocqueville oferecem análises valiosas sobre o feudalismo e sua relação com a modernidade.

No entanto, há também críticos da visão progressista da história que associam a Revolução Francesa à destruição do antigo regime e da ordem feudal. Edmund Burke, por exemplo, em sua obra "Reflexões sobre a Revolução na França", argumenta que a Revolução representou uma ruptura com a tradição e as instituições que haviam garantido a estabilidade e a prosperidade da França por séculos. Para Burke, a Revolução destruiu as bases da sociedade francesa e abriu caminho para o surgimento de uma tirania que se manifestaria no reinado do terror e no império napoleônico.

Assim, ao se discutir o papel do feudalismo na antiga ordem europeia, é importante considerar tanto as análises progressistas quanto as críticas conservadoras da Revolução Francesa. O feudalismo foi um elemento fundamental da sociedade europeia durante séculos, mas sua influência sobre a modernidade e a revolução deve ser avaliada com cuidado e atenção aos diferentes pontos de vista.

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