Review Arquitetura da Destruição - Hitler e a Criação do Regime Nazista



Ao assistir o documentário, coloco que o sentimento alemão em relação ao contexto socioeconômico da Alemanha como nação, após a primeira guerra “Mundial”, sintetizou-se num processo cuja cultura buscava um caminho de prosperidade e de unidade, depois de ter se sentido prejudicada por ter se saído mal na corrida colonial na África, perante a França e a Inglaterra, o desejo do povo por prosperidade, o sentimento de revanchismos em relação à primeira guerra, misturado com a manipulação da “imagem” feita pelos nazistas, antes de assumirem o poder, e depois com auxilio do Ministério do Esclarecimento Público e da Propaganda de Hitler e seu ministro Joseph Paul Goebbels, fizeram com que o regime nazista fosse visto como opção de ascensão econômica e social imediata pela sociedade.

Como dito no filme “Arquitetura da Destruição”, havia um sentimento artístico, que por sua vez surge de uma ideologia artística frustrada, que se apoia no sonho de transformar o povo alemão, no povo do futuro, e trazer o belo para dentro da raça alemã, com o apoio das novas técnicas científicas.

O partido Nazista soube manipular a opinião pública para distorcer e confundir a fortalecida idéia de nacionalismo, usando o impacto que o avanço tecnológico trouxe, desde a primeira guerra, em prol de suas utopias antissemitas para criar o sonho de uma sociedade melhor.

O sentimento geral da na ção, a partir de uma ideia, exposta obsessivamente, de purificar e higienizar a raça alemã, mostrada como viés para atingir uma melhora imediata junto com as novas descobertas da ciência. O povo queria sair de um período de conflitos e inquietações econômicas que havia assolado a Europa desde a guerra dos 100 anos, e agora com uma unidade sintetizada na idéia de nação, o alemão se via possibilitado de andar na cadeia evolutiva usando a ciência como base para eliminar os problemas de saúde da raça, constituindo uma nova Alemanha livre de problemas socioeconômicos.

Se conseguirmos nos colocar, por um momento, no contexto do final da primeira guerra “Mundial” caminhando para a segunda, o povo alemão, que após as eras de guerras e conflitos anteriores estava ansiando por uma Alemanha mais desenvolvida e melhor estruturada, aceita como explicação básica para o conflito como um evento purificador e higienizador, ligando e construindo uma imagem através dos meios de comunicação. Fazendo essa divulgação a priori.

Em seu livro “Rádio, o veículo, a história e a técnica”, Luiz Arthur Ferroto, disserta especificamente sobre a influência da radiodifusão na propagação das idéias nazistas pelo território alemão, e ainda faz uma ponte com o Brasil de Vargas para ressaltar a importância deste meio de comunicação, como meio mais rápido e menos custoso para a maioria da população na época. Isso se deu após alguns problemas de isolamento e dificuldade de comunicação, gerados na primeira guerra mundial. O rádio havia evoluído muito em tecnologia e em abrangência, já que fora propositalmente difundido e fabricado em larga escala na Europa após a primeira guerra, como um meio mais barato e mais acessível para a informação da maioria da população, assim quando diz o autor:

“... Na Alemanha nazista, desde a ascensão de Adolph Hittler ao poder em 1933, o ministro da propaganda Joseph Paul Goebbels, soube controlar o rádio, transformando-o no grande difusor da ideologia nazista. Na mesma época, o Brasil de Vargas começava a ver na radiodifusão sonora um poderoso instrumento de integração nacional, em um país de dimensões continentais....”-

Ele visa dar a ênfase na importância da rádio em seu uso político percebida pelas potências da época, e a visão das hegemonias presentes em relação a esse salto nas comunicações, propiciado pela evolução da ciência, da produção em larga escala pela revolução industrial acelerada pela evolução do capitalismo. Citando o trecho de outros autores, como Carlo Satori e Enrico Granzzine em “O rádio, um veículo para todas as ocasiões” onde os autores colocam

A emissão radiofônica passa a ser concebida como um serviço público alheio aos interesses das indústrias radiofônicas e independente do governo, baseado em um estatuto especial de concessão que lhe garante o monopólio, e inteiramente financiado pelos usuários do serviço”-

A estatização da radiodifusão na Europa foi feita de maneira pioneira em 1926 pelo governo britânico, e essa iniciativa mostra a preocupação em difundir esse veículo de maneira ordenada para que o governo, em algum caso específico, possa intervir em favor próprio e usar a abrangência do rádio para trazer informações “de interesse público” para a população, como é até hoje, que em caso de guerra ou desastres, o governo pode tomar as transmissoras e usar seus equipamentos em favor da difusão de informações ditas de utilidade pública.

Voltando agora ao contexto da segunda guerra, a recusa do “Tratado de Versalhes” de 1919 pelo povo, que pôs a Alemanha numa situação muito delicada economicamente e causou revolta, foi usado pelos nazistas como propaganda, instigando à revolta popular e ao revanchismo. A perda de Alsácia e Lorena para os franceses, e as indenizações que teriam que ser pagas pelo governo, geraram esses sentimentos de vingança que era causado, pois o povo se sentiu atingido diretamente pelo tratado, e responsabilizado como culpado da guerra.

Essa m áquina estatal Nazista soube, enfim, sintetizar a idéia de Socialismo junto com a idéia de Nacionalismo, em um governo que formou uma máquina de matar com justificativas purificadoras e messiânicas, usando o teatro e a propaganda para atingir os sentimentos humanos, como se o alemão fosse o povo escolhido para purificar a raça, subtraindo todas as tenebrosidades da miséria e da instabilidade econômica de antes. Isso de fato não ocorreu e a Alemanha perdeu a guerra em 1945, com a morte de Hitler.


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